quarta-feira, 30 de março de 2011

SUJEITOS E SABERES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


Quando nos referimos à palavra aluno, surge, de forma automática, em nossa mente uma imagem de criança que está aprendendo e se desenvolvendo. Ainda temos a idéia de escola com sala de aula, de professor dedicado e deste sujeito em sua condição de criança. A concepção de aluno e professor, mediada por seus saberes é de fundamental importância para se compreender de tal forma, a percepção de educação.
È evidente que o Brasil tem se desenvolvido no ambito de alfabetrização a cada ano, onde podemos identificar duas formas significativas de se entender o grande responsável por isso “o EJA”: a primeira caracterizada como um jovem ou adulto marginalizado. Nesta idéia de sujeito, atentamos para um caráter sociológico, em que o aluno saiu da escola devido às injustiças sociais tão presentes nesta instituição. A segunda idéia, de cunho psicológico, é caracterizada pela questão cognitiva, em que o sujeito é estigmatizado como alguém que não aprendeu na ‘primeira infância’ e por isso provavelmente não aprenderá na idade adulta. (CALHÁU, 2007).
As duas percepções, sociológica e psicológica, nos instigam a pensar em uma terceira ainda não claramente definida, mas presente no dia-a-dia de sala de aula: a autopercepção que o aluno cria para si. Neste ponto, a baixa auto-estima é característica de uma identidade que grande parte do alunado nutre por si, pois se sentem “rejeitados pela cultura letrada, da qual a escola é legitima representante”. Entretanto, alguns alunos fogem a esta baixa auto-estima se autodeterminando em busca de sua vocação ontológica em ser mais (FREIRE, 2002).
Quando a escola nega a identidade do sujeito da EJA, ela nega a possibilidade de uma articulação entre experiência e prática. O aluno, jovem ou adulto, possui uma experiência ainda maior que a criança; tem uma vivência ímpar que deve ser levada para a sala de aula. Negar que estes sujeitos sabem, parece ser uma nova forma de colocar estes alunos a margem do conhecimento. Neste caso propõe-se a escuta e a valorização que é eminentemente, uma forma de aprendizagem democrática. Trazer estes conhecimentos para a sala de aula é a possibilidade de uma educação mais plural, ética, heterogênea e complexa.

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